Verdades alternativas vindas de outro planeta – Um desafio de Edzard Ernst

Edzard Ernst lança um desafio de imaginação aos seus leitores

Quando se deparam  com uma nova (ou até aí desconhecida) “terapia alternativa”, já alguma vez acharam que a realidade supera a ficção?

Se são cépticos e defensores da ciência, com certeza que sim.

Edzard Ernst, também.

Na sexta-feira, a frustração deu lugar à imaginação e ele lançou um desafio aos seus leitores!

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Edzard Ernst
Edzard Ernst numa palestra em Manchester (Crédito: Luis García Castro – Flickr)

Explica ele:

No outro dia, acordei e achei que este blog talvez estivesse a precisar de um bocadinho de diversão interactiva. Todas estas longas discussões sobre evidências, alegações e contra-alegações científicas são importantes, mas também podem ser enfadonhas. Muitas vezes, a qualidade da evidência, a audácia das alegações da treta e a idiotice das discussões são tais que, de forma espontânea, nem sei se ria ou se chore. Contudo, ao reflectir sobre o assunto, achei que seria melhor rir e brincar um pouco. Portanto, decidi criar esta nova rubrica e, com a ajuda dos meus leitores, talvez até se transforme numa distracção regular.

A única coisa em que pode errar nas “VERDADES ALTERNATIVAS VINDAS DE OUTRO PLANETA” é levá-las a sério. Nada do que tenciono aqui publicar tem muito a ver com a realidade (tal como a medicina alternativa, poderá dizer).

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Edzard Ernst desafia-nos então a criar relatos sobre novas descobertas do “mundo alternativo”, e deixou-nos já alguns exemplos, tanto de autoria própria, como de leitores que já contribuíram.
E nós lançamos também aqui o desafio aos nossos membros e leitores!

Enviem as vossas ideias ao Prof. Ernst ou, caso não queiram escrever em inglês, deixem-nas aqui nos comentários e nós fazemos a tradução. 😉

Como inspiração, aqui fica uma “Verdade alternativa vinda de outro planeta” do próprio:

“TERAPEUTA ALTERNATIVO CONSIDERADO CULPADO DE HOMICÍDIO”

O júri não teve que deliberar durante por mais que uma hora; o caso não poderia ser mais claro, apesar do acusado, Martin W., nunca ter admitido a culpa. No entanto, ele disse que não gostava da sogra e que a tinha ameaçado em numerosas ocasiões. O tribunal ouviu a explicação de que Martin W. tinha sido treinado como perito de Feng Shui e, depois de dominada a técnica de rearranjo de mobília com suficiente grau de sofisticação, ele tinha deliberadamente reposicionado várias peças de mobiliário no apartamento da sogra em Clapham. Como consequência, a sua energia chi tinha colidido violentamente com as dimensões do mais poderoso chi cósmico. Aparentemente, a sogra teve morte instantânea. Em sua defesa, Martin W. alegou que ele só tinha mexido no sofá e no espelho por motivos estéticos, mas o perito da acusação, presidente da ‘Associação Internacional de consultores de Feng Shui e Chi’ apresentou provas científicas que mostraram que a disposição da mobília era um caso clássico de morte por excesso de chi do rim. Espera-se que Martin W. receba uma pena de prisão perpétua.

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Divirtam-se! 😉

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26 Comments

  1. Pergunto-me se o Dr. Edzard Ernst não poderia usar a sua “inteligência” para informar as pessoas, em vez de lançar “desafios” básicos ao público que, desesperadamente, necessita de informação séria e credível. Estas “redacçõezitas sobre verdades alternativas de outro planeta” são, a meu ver, um puro dislate… Distracções daquilo que realmente importa já o ser humano tem e em demasia. Rir e brincar, sim, mas não à custa da ignorância dos outros…

    1. Cara Isabel,
      Se efectivamente lesse com atenção este post e se visitasse o site do Prof. Edzard Ernst, não faria esse comentário.
      No seu site, ele tem mais de 100 artigos onde informa e expõe a ciência que valida ou não certas e determinadas terapias (isto, claro, para além da sua carreira e publicações como investigador e professor universitário).

      Pode-se rir e brincar à custa de tudo.
      Todas as pessoas merecem respeito, já as suas ideias não.

      Distracções para aliviar o stress de quem lida com as fraudes e mentiras da pseudo-ciência diariamente, são muito bem vindas.
      Sem nunca perder o objectivo que faz com que nós e muitos outros cépticos e cientistas mantenham sites e actividades de divulgação científica.

    2. E, já agora, porquê “inteligência” (entre aspas)?
      Está a insinuar que o Edzard Ernst não é inteligente?
      Com base em quê?
      Pelo facto de ter decidido fazer sátira e humor?
      Isso fica-lhe muito mal, Isabel…

        1. Eu preferia que a Isabel não fizesse ataques ad hominem no nosso site a pessoas que nem os podem ler, nem a eles responder.
          Para além disso, esse comentário nada tem a ver com o propósito do post.
          Outros do género não serão aprovados.
          Não está aqui em causa a inteligência ou a sabedoria do Prof. Edzard Ernst. O que está aqui em causa é um desafio humorístico.
          Só isso.
          Nada mais.

  2. E li! E visitei! E continuo a achar que “dissertar sobre verdades alternativas vindas de outro planeta”, além de não ajudar à redução da ignorância e de contribuir para a desinformação, coloca os adultos maduros ao nível de adolescentes imaturos.

    1. Os humoristas são adolescentes imaturos?
      Quando o Ricardo Araújo Pereira faz excelentes caricaturas satíricas sobre videntes e afins, é um adolescente imaturo?
      Face aos seus comentários e à insistência em não reconhecer o papel da sátira e do humor na sociedade, só lhe posso dizer que: lamento que a Isabel não entenda.
      É uma pena.
      Mas é um problema seu, não nosso, nem do Edzard Ernst, que justifica muito bem porque é que lançou esta brincadeira (que já está a ser um êxito).

      1. “…vindas de outro planeta”??? Isto é passar um atestado de burrice às pessoas. E este humor, se é que assim se lhe pode chamar, não tem nada a ver como Ricardo Araújo Pereira, que é um excelente sátiro.

        Quanto ao êxito da brincadeira do Ernst, outra coisa não seria de esperar. Por cá, parece que o baixo nível do reality show da TVI também é um êxito. E resumindo, lá está o que digo: em vez de se lutar contra a ignorância, fomenta-se; uns através do ordinário e do vulgar, outros através de historietas provenientes de outros planetas. No mínimo, será insultuoso para os astrónomos que, por certo, se querem ver livres das historinhas dos homenzinhos verdes!

        1. Lamento que a Isabel não consiga perceber o propósito e valor do humor, ironia e sátira.
          Como tal, não insista em comentar algo que não percebe.
          Só está a gerar ruído que nada tem a ver com o post.
          Entre as rábulas do RAP e estas mini-rábulas propostas pelo Prof. Ernst só há uma diferença: o primeiro é um humorista profissional; o segundo não.

    1. Pois reparou mal.
      Não disse que eram as ‘suas ideias’, disse que eram ‘as ideias’.
      Mas, se as ideias da Isabel forem contrárias aos factos e aquilo que está demonstrado pela ciência e a razão, não, não tenho porque respeitá-las.
      Isso não implica que não a respeite a si.
      Essa é a diferença entre uma argumentação saudável e uma argumentação ad hominem.

      1. Por acaso até escreveu “as suas ideias”, mas não lhe levo a mal porque até simpatizo consigo e gosto da sua forma de argumentar. Mas olhe, cara Diana, eu respeito as suas ideias tal como a respeito a si. Se reparar bem, a pessoa e as suas ideias são indissociáveis. Respeitar não quer dizer concordar, e discordar não precisa de ser falta de respeito, pois não?

        1. Não, discordar não é o mesmo que respeitar.
          Eu discordo da frase “um quadro branco com uma linha negra é uma peça de arte bonita”.
          Não desrespeito essa ideia nem quem a defende.
          Eu discordo e não tenho qualquer respeito (porque não o merece!) pela frase “A Terra tem 6000 anos”. É uma absoluta mentira fruto da ignorância e/ou cegueira religiosa e não merece qualquer respeito nem consideração. Já a pessoa que profira essa frase deve ser respeitada como ser humano que é.

          Percebe a diferença?

  3. O humor não serve apenas para distrair. Por vezes é útil para que as pessoas vejam o absurdo de algumas posições. Quando as análises e os estudos não parecem surtir efeito, um bocadinho de humor não faz mal a ninguém.

  4. Portugal está prestes a anunciar um superavit nas contas públicas (o primeiro da sua história recente), ultrapassando assim uma grave crise financeira.

    Quando há cinco anos se constatou que os gastos com a saúde representavam um grande sumidouro de recursos e se decidiu transformar todos os hospitais e centros de saúde em clínicas de medicina alternativa, estava longe de se imaginar o impacto positivo que tal medida, tão aplaudida e bem recebida por todos, viria a representar para as contas públicas.

    Num relatório agora tornado público, realça-se os vários aspetos positivos desta medida tão singular:
    – Os gastos com pessoal médico e meios de diagnóstico caíu a pique;
    – O tempo e recursos desperdiçados na longuíssima formação de um profissional de medicina baseada na evidência foram reduzidos em mais de 90%;
    – A prática de meios de tratamento menos intrusivos trouxe um aumento da assiduidade dos trabalhadores, com uma redução significativa do número de dias de baixa por doença;
    – Os gastos com medicamentos sofreram uma redução de oitenta por cento, que compensou largamente o aumento do consumo de água para o fabrico de medicamentos homeopáticos;
    – A reconversão de alguns hospitais em unidades de alojamento – hotéis de 3 e 4 estrelas – teve um impacto positivo mas ainda não quantificado no turismo. Neste pormenor, surgiram queixas do representante das unidades hoteleiras e similares que se queixa de concorrência desleal;
    – Estima-se que a esperança média de vida ultrapasse a do Japão, colocando-nos no primeiro lugar a nível mundial.

    O porta-voz da Ordem dos Médicos regozijou-se pela facilidade com que os profissionais que representa se adaptaram às novas formas de tratamento, louvando a eficácia dos novos tratamentos, citando como exemplos os oftalmologistas que quase choraram de alegria perante as vantagens da Iridologia ou os profissionais de Medicina Interna que aceitaram o Reiki de mãos abertas.

    O Reitor da Faculdade de Medicina, entrevistado pelo semanário “Espesso”, questionou o porquê de se ter deixado o despesismo alastrar durante tanto tempo. “Sete anos para formar um médico? Em seis meses formamos um profissional muito mais competente e versátil, capaz de tratar praticamente qualquer doença. (…) a cura para o cancro está já no nosso horizonte”, afirmou aquele responsável pela mais conceituada instituição de ensino do país.

    Perante o sucesso do nosso inovador sistema de saúde, a Organização Mundial de Saúde criou uma comissão de acompanhamento que já se encontra em Portugal e se prepara para elaborar um relatório que, tudo leva a crer, revolucionará os vários sistemas de saúde de todos os países do planeta, ao propor a abolição da medicina baseada na evidência.

    Aquando da recente visita à sede das Nações Unidas, o nosso Ministro da Saúde recebeu uma forte ovação, audível num raio de dois quilómetros. O Comité Nobel não comenta os rumores de que o Ministro venha a ser o próximo laureado com o Prémio Nobel da Paz; contudo, fontes próximas desta instituição garantem que a escolha deste ano foi decidida com o método usual da moedinha ao ar e que só por azar é que não atribuíram o muito almejado prémio ao nosso ministro da saúde.

    1. É claro que o facto de a mortalidade ter aumentado consideravelmente nos últimos cinco anos e de a esperança de vida ser agora a mais baixa da Europa são puras coincidências!

        1. Depois de ler a sua troca de mensagens mais acima a sua pergunta faz sentido…mas não se preocupe, reconheço (e aprecio) o humor, a ironia e a sátira.

          1. Caro Rui Costa,

            O meu comentário referia-se efectivamente ao seu post, que percebi muito bem.

            Eu só quis acrescentar a “moral da história”: se, como conta o seu post, “há cinco anos se constatou que os gastos com a saúde representavam um grande sumidouro de recursos e se decidiu transformar todos os hospitais e centros de saúde em clínicas de medicina alternativa”, a consequência lógica seria que cinco anos depois se verificasse o tal aumento de mortalidade e diminuição da esperança de vida. Também me parece óbvio que os proponentes da tal transformação não iriam aceitar essa consequência (donde a coincidência).

            Reconheço que não tenho muito jeito para ironias mas pensei que a minha era evidente. E já agora quis mesmo dizer mortalidade em geral e não taxa de mortalidade infantil.

          2. Eu não tinha percebido a ironia no seu comentário. As subtilezas da ironia às vezes têm destas coisas… Um ponto para si, Carlos Cardoso 🙂

      1. Carlos Cardoso, se este seu comentário se refere ao meu post, gostaria de lembrar que o que escrevi não passa de ficção a que pretendi dar um toque de ironia.

        Já o seu comentário parece-me querer insinuar que realmente a (taxa de) mortalidade (infantil) aumentou consideravelmente nos últimos 5 anos e a esperança de vida ser a mais baixa da Europa.
        Gostaria de saber em que fontes se baseou para afirmar isso.

        Os dados do Observatório das Desigualdades mostra um quadro completamente diferente. Na UE-27, temos a segunda melhor taxa de mortalidade infantil, apenas ultrapassada pela Finlândia. Quanto à esperança média de vida, esta tem vindo sempre a crescer (com excepção de uma muito ligeira queda de 2004 para 2005) e o valor atual para Portugal (76,6 anos) situa-se a meio da tabela.

        Fontes:
        http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=34
        http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=151

    1. É muito simples, Isabel: nem eu, nem os outros colaboradores da Comcept, estão permanentemente colados ao computador a responder a comentários.
      Terá que ter paciência e aguardar.
      Caso sejam aprovados, os seus comentários surgirão em devido tempo.

  5. Como a Isabel insiste em continuar com o mesmo tipo de argumentação e com ataques pessoais aos colaboradores da Comcept, os comentários que fez não foram aprovados para publicação.

    Recordamos, uma vez mais, que respeitem a nossa política de comentários.
    Fazer ataques pessoais não constitui uma argumentação lógica.
    Fazer comentários colaterais ao tema do post, só gera ruído e perturba a discussão saudável que aqui pretendemos manter.
    Esse tipo de comentários não será publicado.

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