Energias místicas e alternativas

Acho sempre estranho quando por vezes se se refere a energias que a ciência não pode encontrar. Não pode porquê?

Energia é a capacidade de realizar trabalho físico. E o trabalho físico é o resultado do produto da força usada pelo deslocamento realizado. Força é a capacidade de alterar a velocidade de algo.

Existem várias formas de energia, mas são interconvertíveis entre si. Adicionalmente, a energia total é conservada num sistema, portanto o total não muda só por as transformarmos umas noutras.

É assim que a ciência define o que é energia. E é assim que faz sentido referirmo-nos a ela. Nós conhecemos a energia porque ela se traduz em forças capazes de puxarem e empurrarem coisas, e isso é algo que penso que se pode compreender intuitivamente.

http://www.wakeupenergetics.com/siteimages/MysticalAnatomyHands.jpg
http://www.wakeupenergetics.com/siteimages/MysticalAnatomyHands.jpg

Por isso acho sempre estranho quando por vezes se se refere a energias que a ciência não pode encontrar. Não pode porquê?

A questão é, se a ciência não pode encontrar é porque não causam efeitos mensuráveis. Se tivessem, não haveria problema. Poderiam ser medidos, descritos, etc…

E se não têm efeitos mensuráveis, como podemos saber que estão lá? (Já nem pergunto para que servem!)  E se esses efeitos não se traduzem por forças e movimentos, nem em nada que possa ser nestes convertido, como podemos dizer que é energia? Que razões temos para o fazer?

Em boa verdade, nenhuma. Nunca vi sequer uma justificação para isso minimamente desenvolvida, apenas o afirmar e re-afirmar deste tipo de coisas. Que existem tais e tais energias, que a ciência não as pode “ver” etc. Mas, de um modo geral, alegam efeitos. Efeitos que se passam no nosso mundo “natural”.

É caso para dizer – Decidam-se: ou essas energias dão origem a fenómenos e fenómenos são coisas que a ciência identifica e descreve, ou essas energias não chegam sequer a existir – nem virtualmente (já que as partículas virtuais causam efeitos mensuráveis).

Querer ter energias não detectáveis pela ciência, mas continuar a ter efeitos no nosso mundo físico, é querer demais. Sejam curas no organismo, mensagens do além, etc. estas alegações são referentes a efeitos medíveis e testáveis.

Resta dizer que não só não se conhecem mais de 4 tipos de forças fundamentais, por mais que se gastem biliões à procura de uma quinta força, como nunca se encontrou nenhum efeito que não pudesse ser explicado, pelo menos em princípio, por estes 4 tipos de forças.

Parece-me que devemos abordar alegações de outras energias com cepticismo. Para já, não têm fundamento que as justifique.

Ler mais:

Forças: http://en.wikipedia.org/wiki/Force#Fundamental_modelshttp://en.wikipedia.org/wiki/Fundamental_interaction

Energia: http://en.wikipedia.org/wiki/Energy

3 Comments

  1. Não têm fundamento nem precisam ter. Quando temos uma estação de televisão como a SIC a promover perante milhões de espectadores em horário nobre coisas como “CARTAS DA MAYA: O DILEMA”, é garantida uma legião de fiéis.

    CARACTERÍSTICAS DO LIVRO
    TÍTULO: «Cartas da Maya: O Dilema»
    AUTOR: Maya
    GÉNERO: Não Ficção

    Diz o slogan no anúncio da TV: “Clube do Livro SIC – todos os meses uma lição de vida”.

    OMG!

  2. É realmente preocupante a publicidade grátis que estas pseudociências têm na televisão. Há uma total falta de pensamento crítico nesse tipo de apresentação. Temos que reclamar a quem de direito e tentar fazer ver que estão a enganar as pessoas, a prestar um mau serviço. Certamente responderão com um texto “pro forma”, mas se forem continuamente inundados com esse tipo de reclamação, quiçá, quiçá! algo mude.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Procurar
Outros artigos
Daniel Dennett (1942-2024)
João L. Monteiro
Votação para o Prémio Unicórnio Voador 2023
Comcept
Quando o marketing se apropria dos conceitos “Natural” e “Tecnológico”
João L. Monteiro