Pode a ciência ser poética?
Segundo Richard Dawkins, a ciência é a poesia da realidade.
Este vídeo que hoje partilhamos aqui foi uma iniciativa da Richard Dawkins Foundation for Reason and Science e chama-se The Poetry of Science: Discussions of the Beauty of Science – A Poesia da Ciência: Discussões sobre a Beleza da Ciência.
Nesta conversa juntam-se dois grandes nomes da divulgação científica actual e também duas das personalidades mais notórias na luta pelo pensamento céptico e racional, embora com estilos completamente distintos no modo como o fazem: o biólogo evolutivo inglês Richard Dawkins e o astrofísico americano Neil deGrasse Tyson.
Estes dois ícones da ciência partilham dúvidas sobre os seus campos de conhecimento, bem como sobre a ciência e a capacidade do ser humano para perceber o Universo em que vive.
Estes são alguns dos temas abordados durante esta conversa:
- O que vemos com os nossos órgãos dos sentidos é, na verdade, uma estreita faixa da realidade, a começar pela limitação dos nossos olhos…biologicamente, temos portanto uma percepção limitada do universo. No entanto, nós temos tendência a pensar o contrário (sobretudo no que diz respeito à nossa visão). A ciência não só incrementa os nossos sentidos, como os leva a novas paragens.
- Nós não estamos no centro do universo e o universo está a expandir-se, mas porque é que nao se consegue definir o limite do universo? A resposta está no conceito de horizonte e no tempo que a luz tarda em chegar até nós.
- Curiosidade: embora o nosso sentido do olfacto seja muito inferior ao de um cão, nós partilhamos genes que nos permitiriam ter um olfacto similar ao de um cão, mas esses genes estão inactivos.
- Os nossos cérebros foram moldados pela selecção natural na savana africana para reconhecer e perceber objectos que estão à nossa escala. No entanto, somos agora capazes de perceber “objectos” em escalas completamente diferentes (tanto maior como menor). Tudo devido aos métodos e ferramentas científicas, bem como à matemática. E, para isso, tivemos também que desenvolver a capacidade de nos abstrairmos dos nossos próprios sentidos para perceber leis da Física completamente novas e pouco intuitivas.
- Definimo-nos como os seres mais inteligentes que conhecemos e há uma procura constante por outros seres inteligentes no Universo. Mas, será que somos mesmo assim tão inteligentes? De onde vem essa inteligência? Afinal de contas, só temos cerca 2% de diferença genética relativamente ao nosso parente mais próximo: o chimpanzé. Se a nossa inteligência diferencial está nesses 2% de diferença será que temos assim tanta diferença nas nossas capacidades cognitivas? E se houver um ser que seja apenas 2% diferente de nós tal como nós dos chimpanzés? Seriamos completos idiotas perante esses seres? Podemos realmente “conversar” com alguma outra espécie? E quereríamos?
- Qual a probabilidade de haver vida para além da Terra? É realmente alta. A vida surgiu na Terra de forma relativamente rápida e somos feitos dos elementos mais comuns do Universo, a expressão extrema de química complexa. Pensar que somos únicos é extremamente egocêntrico.
- Será possível que a vida na Terra tenha começado com seres primitivos vindos de rochas marcianas? Afinal de contas, as condições para a vida foram prováveis em Marte antes de o serem na Terra…
- Será que a inteligência humana é realmente assim tão importante? Afinal de contas, parece que só surgiu uma vez no percurso evolutivo, ao contrário de outras características, como os “olhos” ou o sonar. Já gora, será que os morcegos “ouvem” com cor através do sonar?
Houve também espaço para perguntas por parte da audiência. E há uma particularmente interessante sobre o efeito dos telemóveis na saúde humana. Há também perguntas sobre religião, filosofia, LHC, extremófilos, etc…
Estes e muitos outros temas são abordados nesta conversa, sempre com analogias curiosas e explicativas, bem como com o bom humor tão característico do Neil deGrasse Tyson.
Aqui fica o vídeo:
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=9RExQFZzHXQ]
2 Comments
Pasma-me o quão pouco crítica é a deferência para com Dawkins e as tristes figuras que o personagem faz promovendo a sua marca muito pessoalizada de ateísmo. Um cientista que se quer sério não deveria resvalar para o ódio abjecto que tanto crítica.
http://www.independent.co.uk/voices/comment/not-in-our-name-dawkins-dresses-up-bigotry-as-nonbelief–he-cannot-be-left-to-represent-atheists-8754183.html
Caro Pedro:
Não entendo em que é que o seu comentário se relaciona com o tema deste post, que trata do deslumbramento da ciência.
Trata-se apenas de mais um dos muitos ataques gratuitos a Richard Dawkins.
A polémica “declaração” no Twitter é factual, não opinativa. Para além disso, o próprio Dawkins assumiu que poderia ter usado outro termo de comparação, mais adequado do que o Trinity College.
Não pretendo alongar-me mais sobre o tema, mas partilho o texto do Ludwig Krippahl, que reflecte a minha própria opinião a respeito desta falsa polémica.