Realizou-se no passado Sábado, 15 de Novembro, a quarta edição da ComceptCon.
Pela primeira vez, alargamos o horário para um dia completo e mudamos o local do encontro para a cidade do Porto.
O tema da ComceptCon deste ano foi “Terra – Fogo – Água – Ar: Quatro Elementos, Quatro Cientistas”.
E aqui fica o primeiro vídeo das quatro conferências do dia: TERRA.
Para este tema-elemento, o nosso convidado foi o biólogo Hugo Oliveira, do CIBIO (Universidade do Porto), e o tema da palestra/debate: “O fruto da terra: Benefícios e malefícios dos Organismos Geneticamente Modificados”.
O Hugo explicou-nos a ciência que está por trás da domesticação das plantas, falou-nos sobre a sua genética evolutiva e analisou as múltiplas vantagens e desvantagens das técnicas de transgenia (introdução de genes de uma espécie noutra). Abordou ainda os problemas ambientais, económicos e políticos associados ao cultivo de organismos geneticamente modificados. Seguiu-se um debate também muito elucidativo. Esperemos que este vídeo contribua para a clarificação deste tema que, na maior parte das vezes, levanta indignações tão acesas como ignorantes.
5 Comments
Isto merece uma contra argumentação, como é lógico. Quando tiver tempo faço.
Não percebo porque acha lógico ser necessária uma contra-argumentação. Mas desde que respeite as regras desta casa e use evidências científicas, pode fazê-la.
Antes de mais, parabéns pela iniciativa “Terra – Fogo – Água – Ar: Quatro Elementos, Quatro Cientistas” da ComceptCon. Acho que a apresentação do biólogo Hugo Oliveira foi bastante equilibrada procurando apresentar os vários ponto de vista de um modo bastante imparcial. Gostei particularmente da parte inicial em que desmitifica/relativiza um pouco o conceito da mutação genética. Posto isto, do ponto de vista de um leigo como eu, acho que aqui e ali não seria injusto contra-argumentar:
25:40 Não concordo com afirmação que produzir, por exemplo, milhares de hectares de milho bt em monocultura sem rotação cultural seja menos prejudicial que pulverizar bt. Parece-me evidente que as tais “super-pestes”, inimigos da cultura do milho, isto é, insectos consumidores da planta OGM, terão maior probabilidade de aparecerem por selecção natural se a fonte de “selecção” (chamemos-lhe assim) for um elemento que permanece no terreno 4/5 meses ano após ano.
Pelo que sei o Bt não elimina todos os insectos mas apenas alguns ordens de insectos. Mas longe de mim promover o uso indiscriminado de Bt. Para ser justo penso que, de um modo geral, os agricultores biológicos/protecção integrada serão os que estarão mais conscientes das consequências do uso abusivo de insecticidas/pesticidas e promoção da biodiversidade.
37:00 Não poria as coisas nesses termos. Todos estamos de acordo que no séc. XX, em particular depois das 2ª G.G., os rendimentos médio dos americanos aumentou bastante levando a que a proporção gasta com alimentação tenha diminuído. Isso não implica que as preocupações com a qualidade dos alimentos seja um não-assunto. Quanto se podia falar sobre isto… Ainda bem que a maioria dos americanos têm preocupações e ansiedades de “1º Mundo”. O raciocínio dos OGM como solução “urgente” para a fome mundial não me parece muito honesto e tem sido muitas vezes utilizado como atenuante dos potenciais malefícios desta tecnologia. Tal como o Hugo apontou os biofuels e produção animal são na realidade os sectores promotores da ineficiência energética.
Obrigada pelo seu comentário.
Levanta dois pontos interessantes.
Em relação ao segundo: pelo que tenho lido acerca deste tema, parece-me haver realmente uma correlação entre a oposição ao cultivo de plantas OGM (melhor dizendo, plantas transgénicas) e a abundância alimentar. Mas, é uma impressão minha, não tenho dados concretos (nem sei se essas estatísticas existem).
E não é que as plantas transgénicas sejam uma solução urgente para a fome (nem creio que o Hugo tenha argumentado isso), mas algumas transgénicas podem ser soluções para zonas de cultivo difícil, em que os agricultores procuram desesperadamente um maior rendimento das plantas.
Também não tenho dados concretos, mas como o Hugo refere, na EU há uma restrição forte da utilização de plantas transgénicas e nem por isso se pode dizer que a produtividade seja baixa, bem pelo contrário. Assim talvez se possa inferir que nessa relação entre produtividade e oposição ao cultivo de plantas transgénicas, a correlação não implica necessariamente causalidade. Penso que a técnica (ou falta dela) será a causa de uma produtividade maior ou menor. Portanto argumentar que determinado país ou região com baixo índice de desenvolvimento não é auto-suficiente ao nível alimentar porque não introduziu plantas transgénicas no seu sistema, não é, na minha opinião, um raciocínio muito correcto. Coisas como infraestruturas básicas como barragens/condutas, uma agricultura mecanizada, informada e sustentável, estabilidade politico-social, por exemplo, têm uma influência bastante maior na produtividade que a introdução ou não de plantas transgénicas. Depois há questão da produtividade versus sustentabilidade…