Circula um vídeo nas redes sociais a denunciar que uma reportagem da TVI pretende criar o pânico ao afirmar que os hospitais do interior centro do país estão no limite, ao mesmo tempo que exibe manequins em vez de pacientes reais. No vídeo em questão, gravado com uma câmara a apontar para a televisão, ouve-se uma voz indignada a acusar que se trata de “propaganda” por mostrarem “bonecos” em vez de pessoas reais. Mas será que estamos perante um caso de manipulação de opinião pública? Não, como veremos. Vamos dissecar passo a passo.
A notícia foi partilhada nesta página do facebook intitulada “Notícias de Portugal” (ver aqui). Esta página é da autoria de Sérgio Tavares, “o jornalista pela verdade”, que não é jornalista, pois não tem carteira profissional, nem é pela verdade, sendo conhecido por disseminar desinformação (ver reportagem da TVI a denunciar o movimento negacionista dos “médicos e jornalistas pela verdade”).
A notícia da TVI de facto permite ver manequins (ver com melhor qualidade aqui). Mas quer isso dizer que se trata de propaganda para dar a entender que se está a chegar a um ponto de rutura do Serviço Nacional de Saúde, quando alegadamente não há doentes hospitalizados? Não! A notícia fala dos hospitais da Guarda e da Covilhã. Por questões de saúde (para evitar contaminações) os jornalistas recorreram a imagens de arquivo do Hospital da Beira Interior, na Covilhã. Essas imagens de manequins dizem respeito à reportagem de Dezembro relativa à criação da Covinbox.
Na nossa opinião, a TVI deveria ter indicado que se tratava de imagens de arquivo, evitando assim mal-entendidos e a disseminação de desinformação por plataformas dedicadas a essas práticas.
Está assim demonstrado que não se trata de uma reportagem propagandística.
Porém, podemos ir ainda mais longe e contextualizar que as alegações ao recurso de manequins para simular doentes com COVID-19 não são uma novidade, pois um caso semelhante teve lugar na Suíça. O Conselheiro Federal da Saúde suíço não fora fotografado a passar por uma ala COVID, mas por uma aula prática de enfermagem, como explicou o Polígrafo.
Nota final: a pandemia de COVID-19 é um assunto que deve ser levado a sério pela população e todos devemos envidar esforços no controlo da doença. Para isso devemos implementar a etiqueta respiratória, manter o distanciamento físico, proceder à desinfeção das mãos, usar a máscara e respeitar as medidas de confinamento, de modo a diminuir o número de internamentos e assim ajudar os profissionais de saúde a tratarem dos casos graves, enquanto a vacina não chega a todos. Paralelamente devemos denunciar e combater a desinformação – um outro tipo de epidemia.