Da vacinação contra a COVID-19 em crianças

"Podemos e devemos vacinar as crianças" — Armando Brito de Sá

Partilhamos com os nossos leitores/as um texto de Armando Brito de Sá, a respeito da vacinação contra a COVID-19 em crianças, que se iniciou agora em Portugal.

TLDR: PODEMOS E DEVEMOS VACINAR AS CRIANÇAS

 

(Fonte: CDC)

 

Os pais têm dúvidas. Essas dúvidas têm a ver com a quantidade alucinante de informação com que temos sido bombardeados, informação essa nem sempre coincidente e, por vezes contraditória.

A situação é mais simples do que parece. Algumas considerações.

 

Este vírus é diferente?

Com excepção da sua enorme capacidade destrutiva, causadora de morte e incapacidade, o vírus da COVID-19, o SARS-CoV-2, é apenas mais um vírus com o qual temos de lidar.

 

As vacinas contra a COVID-19 são diferentes?

As vacinas de protecção contra este vírus foram produzidas usando várias técnicas. Algumas dessas técnicas são as mesmas usadas até hoje para produzir vacinas contra outras doenças. Além destas técnicas, usou-se pela primeira vez uma outra técnica, mais recente, mas – e é importante salientar isto – com cerca de vinte anos de investigação e uso em outras áreas da medicina. Esta técnica é mais sofisticada na sua precisão de desenvolvimento de defesas contra este vírus. Trata-se de um avanço, de um progresso, de uma melhoria na ciência de criação de vacinas.

 

As vacinas contra a COVID19 são seguras?

Todas as vacinas contra a COVID-19, seja qual for o método de produção, têm-se revelado seguras. Podemos dizer: são seguríssimas. Estão a ser administradas aos milhões, com efeitos adversos mínimos e, muito raramente, efeito adversos mais sérios. Podemos afirmar que a frequência e gravidade destes efeitos adversos está em linha com os efeitos adversos das restantes vacinas que administramos aos nossos filhos no âmbito do Plano Nacional de Vacinação.

 

Mas não houve tempo para as investigar…

Nunca na história da humanidade um medicamento – neste caso, um conjunto de vacinas – foi submetido a um escrutínio tão intenso, tão global e tão transparente e tão veloz como as vacinas contra a COVID-19. A informação flui à escala planetária numa questão de minutos. Nunca uma rede tão completa de cientistas e investigadores esteve tão em cima do desenvolvimento de um medicamento como no caso destas vacinas. Houve tempo, sim, e não foram saltados passos – simplesmente foi-se mais eficiente.

 

Mas para a esmagadora maioria das crianças a COVID-19 não traz qualquer problema…

É verdade. Contudo, se tivermos dezenas de milhar de crianças infetadas, pelo menos algumas irão sofrer complicações, por vezes graves. É hoje muito claro que a vacina elimina quase completamente as complicações graves da COVID-19 em todas as idades, incluindo nas crianças.

 

A minha filha já teve COVID-19. Portanto já está imunizada contra a doença, certo?

Parcialmente certo. A exposição prévia a doença confere alguma imunidade. Sabemos hoje que essa imunidade se vai perdendo com o tempo. Sabemos ainda que a vacina confere uma imunidade muito mais poderosa. As dúvidas persistem sobre quanto tempo essa proteção irá durar.

 

Prefiro esperar mais um tempo para ver como corre, antes de vacinar os meus filhos.

Essa preocupação é compreensível, mas injustificada. Só nos Estados Unidos, já foram vacinadas cerca de cinco milhões de crianças, o equivalente a metade da população portuguesa, mais uma vez sob uma vigilância muito apertada. Todos os estudos coincidem nos resultados principais: é seguro vacinar as crianças. E enquanto esperamos, a doença continua a disseminar-se e pode atingir um dos nossos.

 

Como sabemos que não vão existir complicações a longo prazo?

Naturalmente não é possível termos 100% de certeza. O que sabemos, contudo, é suficiente para nos tranquilizar. Em primeiro lugar, o que estas vacinas fazem – estimular a imunidade contra um micróbio específico – é o mesmo que todas as outras vacinas que usamos, assentes em mais de 100
anos de experiência, e que não têm complicações a longo prazo. Em segundo lugar, sabe-se que as complicações, quando surgem, tendem a aparecer nos primeiros meses após a administração das vacinas – e para as vacinas contra a COVID-19 esse prazo está ultrapassado sem identificação de efeitos adversos significativos nas crianças vigiadas.

 

Outras considerações

Sabemos que as pessoas vacinadas (i) têm menor probabilidade de ser contagiadas, (ii) quando infectadas, têm menor probabilidade de infectar outros, e (iii) são contagiosas durante menos tempo. No caso das crianças isto é particularmente importante porque, dado o seu dia a dia acontecer em conjunto com outras crianças, se a maioria estiver vacinada a probabilidade de surtos é enormemente reduzida e eventuais confinamentos serão igualmente reduzidos.

A informação coligida ao longo destes dois anos é de tal modo clara e convincente que todas as organizações nacionais e internacionais de referência, de todo o mundo, estão de acordo no tocante ao interesse em vacinarmos as nossas crianças contra a COVID-19.

 

Em resumo: Podemos e devemos vacinar as crianças contra a COVID-19. Quanto mais depressa, melhor.

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